Muita arte na rede Ello. Visualize:

Muita arte na rede Ello:

domingo, 17 de junho de 2012

That dada strain e poemas etnopoéticos: princípio autorizado de futura antologia de Jerome Rothemberg em português.


Aliás, e na fonte Rothenberg.



Nascente de antologia Rothenberg.


1- That dada strain: Aquela melodia, aquela fanfarra, aquele estresse, aquele esforço , aquela linhagem, aquela deformação dada? Poema de Jerome Rothenberg traduzido por Adrian'dos Delima com o título "Aquele som do dadá".

2- I exceed my limits, o coração etnopoético de Jerome Rothenberg traduzido ao português.




1~

2~











quinta-feira, 14 de junho de 2012

BREMEN WODU, de Helmut Heißenbüttel. NOVA VERSÃO COM ARQUIVO DE ÁUDIO. TRADUÇÃO ADRIAN'DOS DELIMA.

BREMEN WODU, poema de Helmut Heißenbüttel COM NOVA TRADUÇÃO EM ÁUDIO por Adrian'dos DeLima.



BREMEN WODU

wodu
was     
wodu
was
woduwarst
wo
duwarst
inBremennatürlich
under
undwas
warder
warderwas
wardermit
inBremen
wardermitinBremen
jaderwarmitinBremen
undsie
undwas
wardiemit
diewarauchmit
diewarauchmitinBremen
jadiewarauchmitinBremen
undda
unddawas
unddawartihrallezusammen
inBremen
unddawartihrallezusammeninBremen
janatürlich
inBremen
janatürlichwarenwirallezusammeninBremen
unddahabtihrdas
habenwirwas
obihrdasdagetanhabtmeinich
obwirdasdagetanhabenmeinstdu
obihrdasallezusammendagetanhabtmeinich
obwirdasallezusammendagetanhabenmeinstdu
obihrdasallezusammeninBremendagetanhabt


weißtdudasdennnicht
wasweißichnicht
daßwirdasda
daßihrdasdagetanhabt
jadaßwirdasallezusammendagetanhaben
allezusammen
jadahabenwirdasallezusammengetan
inBremen
jadahabenwirdasallezusammeninBremengetan

unddassokurzvorWeihnachten



Helmut Heißenbüttel
1965





BREMEN TUONDE

etu
ãhm  
etu
ãhm
tuondstava
tuonds
stava
emBremen
eele               
eoquê             
stavele
stavelequê
stavelejunt
emBremen
stavelejuntemBremen
éstavelejuntemBremen
eela
eoquê
stavaelajunt
tavaelajuntoigual       
elastavajuntoigualemBremen
éstavelajuntoigualemBremen
maentãn
maentãnquê
maentãntavamvocêstudojunto
emBremen
maentãntavamvocêstudojuntoemBremen
émaséclar
emBremen
émaséclartavamtudojuntoemBremen
maentãofizeram
fizeramoquê
sevocêsfizeramissoéoquedigo
senósfizemosissoéoquediztu
sevocêstudojuntofizeramissoéoqueeudigo
senóstudojuntofizemosissoéoquemediztu
seevocêstudojuntomBremenfizeramisso

équetunãosabe
quequeeunãosei
quenósfizemos
quevocêsfizeramisso
équenóstudojuntofizemoisso
tudojunto
éentãnfizemosnóstudojuntoentãn
em Bremen
éfizemostudojuntoemBrementãn

eassimpoucoantesdoNatal



sábado, 9 de junho de 2012

Poemas de Qorpo-Santo e Tyrteu Rocha Vianna: Dois poetas marginais (ou malditos) históricos do sul do Brasil.

Anos de 1970, quando surge o termo poesia marginal no Brasil, 
embora em um contexto muito expecífico de
ditadura militar versus
medo e silêncio.




Poemas de Qorpo-Santo e Tyrteu Rocha Vianna: Dois poetas marginais (ou malditos) históricos do sul do Brasil.




1 QORPO-SANTO

Embora conhecido por muitos
hoje como o "pai do teatro do absurdo no Brasil",  José Joaquim de Campos Leão (Triunfo – Porto Alegre. Rio Grande do Sul. Brasil. *1929 –1983+), conhecido como Qorpo-Santo, pode ser considerado, como poeta, um maldito em sua época e até o presente momento. Certamente, um poeta à margem da história literária.
Conforme a pesquisadora Denise Espírito Santo, que publicou um volume com os poemas inéditos do autor no ano 2000 (!), parte da chamada "Enciclopédia ou seis meses de uma enfermidade" (Ensiqlopédia ou Seis Mezes de Huma Enfermidade, na grafia inventada pelo autor),  estes poemas tiveram publicação em 1877 e o único volume sobrevivente do original que os contêm foi encontrado somente em 1994.
Inscrita no Movimento Romântico, a obra de Qorpo-Santo faria parte de uma veia satírica da literatura brasileira no século XIX, adquirindo nesta "novos contornos em razão da subversão e do nonsense".
Observo que, embora beirando ou escancarando uma certa singeleza formal comum aos de sua época em vários momentos - em um sentido no qual observarmos a função poética da linguagem definida por Roman Jakobson - o conteúdo, inteligente e novo, o transformaria em um "novo poeta", conforme se aplique um conceito de 1933 de Fernando Pessoa. Qorpo-Santo traz, de fato, o elemento do "absurdo", também, em sua poesia, podendo ser um precursor do surrealismo. Utilizou-se deste recurso para explorar, por exemplo, questões filosóficas, linguísticas ou semióticas.
Apesar daquela singeleza citada, esta sua simplicidade formal o aproxima, às vezes, do que a poesia concretista viria a fazer muito tempo depois, o uso da repetição de ponta a ponta dentro de um texto dos mesmos vocábulos e/ou estruturas, com pequenas e/ou lentas substituições em um eixo paradigmático, no máximo (como a pedra no meio do caminho de Drummond e o Relógio de Oswald de Andrade) – e não quando o aproxima dos poetas do seu tempo ou anteriores a ele.
Já a maneira como este aplica a língua o tornariam um precursor do ideário "linguístico" de Oswald de Andrade, por exemplo, fazendo uso de um certo vocabulário popular, embora ao lado de um vocabulário "erudito" e, por vezes, arcaico. Inventa palavras por analogia a formas correntes da língua, como o faria, bem mais tarde, Guimarães Rosa, dentro ainda do "desvio linguístico" relacionado ao Oswald.  Além disso, podemos observar que o autor se utilizou (e muito) de um uso diferenciado do travessão, lembrando um pouco os travessões de Emily Dickinson, porém, com o objetivo observável de marcar o ritmo do poema. Este uso do travessão – bem aplicado – é, provavelmente um dos únicos elementos estilísticos novos e sofisticados que o poeta nos traz.
Infelizmente, considerando a questão lexical, agora, até o momento, algumas das palavras utilizadas pelo autor não as encontrei com uma definição coerente com os seus textos em quaisquer dicionários da língua portuguesa. É o caso de "balaio" e "ferrinho". O primeiro termo, podendo representar uma personificação (de um balaio, literalmente?), já que este era um procedimento comum na obra do escritor em sua face de poeta. O fato é que Qorpo-Santo citou personagens da vida real através de "apelidos" em seus poemas, o que pode gerar uma certa dúvida, na falta de fontes.  Já o segundo termo, provavelmente, significa "faca" ou outra arma branca e pequena e, possivelmente, dinheiro, embora esta significação pareça ter surgido bem depois no vocabulário informal da língua portuguesa.
Apesar da obscuridade de alguns vocábulos, resolvi publicar textos contendo-os, por reconhecer em tais textos alguma peculiar qualidade.

2 TYRTEU ROCHA VIANNA

Já incluído no rol de poetas traduzidos para o espanhol/castelhano deste blog-revista, Tyrteu Rocha Vianna (São Francisco de Assis – Alegrete. Rio Grande do Sul, Brasil. *1998-1963+)  se enquadra bem nesta lista de poetas "à-margem", por ter publicado um único livro (1927, Saco de Viagem), com apenas 10 exemplares impressos em sua época, para presentear amigos, embora tenha pago pela publicação de 1000 exemplares na Editora Globo, o mínimo que foi considerado aceitável para publicação na época.
Inscrito nos movimentos futurista e antropófago, o poeta é reconhecido por muitos, como Érico Veríssimo, como um dos mais importantes poetas "gaúchos" de sua época – sendo gaúcho um termo aplicado aos nascidos no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, mas  que se aplica bem a Tyrteu por mesclar ao seu "futurismo" um regionalismo de sua terra, que incorpora elementos culturais do Uruguai e da Argentina, fronteiriços a ela.
Seus momentos de genialidade (?) se encontram, principalmente, demonstrados através do uso da língua. Seu regionalismo se manifesta, principalmente, no uso desta, na forma como esta se materializa na linguagem do poeta, explorando-o em neologismos, em uma clara adesão à Antropofagia de Oswald de Andrade e Raul Bopp, embora também na maneira como o poeta dirige sua atenção irônica a fatos da política local. No entanto, no aspecto textual, o não uso absoluto de pontuação, encadeando seus "versos" de uma determinada forma, permitiram a Tyrteu uma poesia cinematográfica, bastante semelhante ou idêntico (por coincidência) à melhor poesia de Vladimir Maiakóvski.
 Quanto ao fato de inclurmos Tyrteu na lista de poetas "marginais" ou "malditos", juntamente a Qorpo-Santo, é porque são grandes autores, um prolífico e outro "estéril", ignorados ou mesmo desprezados por muito tempo.  Espero, futuramente, poder retirar estes dois autores desta mesma lista.

Observação: publico Qorpo-Santo na ortografia atualizada para facilitar a leitura dos textos do autor; Tyrteu Rocha Vianna conforme o texto originalmente publicado, quando me parece que a leitura perde muito com uma "atualização" pela "regra ortográfica", principalmente por questões fonéticas, já que o autor procurava muitas vezes reproduzir pronúncias majoritárias no português que ele conheceu.

                                                          Adrian'dos DeLima