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sábado, 22 de maio de 2010

Esse é James Joyce como poeta (em "Música de Câmara", poema XXXV), meio "inspirado" em Paul Verlaine

Poema de "Música de Câmara", número XXXV. Com claras semelhanças com "Canção do Outono", de Paul Verlaine.



Chamber Music XXXV

Todo dia de água eu ouço o som
Em monotom,¹
Como indo o albatroz avança, torvo,
No abandono,
E ouve o grito do vento ao som
Do mar queixoso.

Do vento gris, do vento frio é o sopro
Onde eu vou.
De muitas águas ouço o som
Lá bem longe.
Pra lá, pra cá, fluindo as ouço,
Dia e noite.

Tradução: Adrian'dos Delima














Comparem com,  de Paul Verlaine

CANÇÃO DO OUTONO

Os choros longos
Dos violões
Pelo outono
No peito soam
Com um langor
De um só tom.²

Já sufocando
E branco, quando
Soa a hora,
Eu lembro ainda
Dos dias findos
E então choro.
E eu me vou
Que o vento mau
Me transporta
Pra cá, pra lá,
Igual faz à
Folha morta.


Tradução: Adrian'dos Delima



1 no original, monótono
2 no original, monótono



Nota crítica: semelhanças sem coincidências.


Nota da tradução do poema de Joyce: Quanto ao "monotom" do XXXV, isto foi neologizado na tradução. No poema original do Joyce não havia nenhum neologismo. Mas já que outros poemas do livro possuíam invenções de palavra, tasquei um neologismo ali, que aí dá pra ter uma idéia mais completa do livro, com a leitura de um poeminha só.


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